Mais uma notícia que me deixa preocupado com os passos escolhidos pelo nosso atrapalhado presidente da república no processo de adoção de um sistema de TV digital: nossos vizinhos uruguaios vão adotar, como outros 57 países no mundo, o sistema europeu de TV digital - conhecido como DVB (veja aqui e aqui).
Não que seja um problema essa adoção por parte do Uruguai, mas o isolamento do Brasil com o Japão na utilização do ISDTV (falsa evolução do ISDB - modelo japonês de TV digital - cuja única diferença é a adoção do Ginga, o middleware desenvolvido aqui no Brasil) é preocupante no nível mercadológico. Quanto menos países adotarem o sistema, menos tecnologia brasileira será adotada mundo afora e maior será o custo para adaptar a produção cultural brasileira a outros sistemas.
Havia uma esperança de nossos "hermanos" latino-americanos irem à sombra do Brasil e adotar o ISDTV porém essa adoção do Uruguai enfraquece os esforços brasileiros e dá mais "gás" ao sistema europeu, que é muito mais estável e confiável. Ao que tudo indica que o ISDTV será o novo PAL-M, que mantará o país mais uma vez isolado no mercado tecnológico televisivo.
As especulações são muitas sobre os motivos da escolha de Lula pelo sistema japonês. O divulgado para a sociedade era que o Japonês era tecnologicamente mais avançado que o europeu e o amaricado (ATSC). Pra mim é pura balela. Havia sim algumas vantagens tecnológicas no ISDB com relação a transmissão. No entanto a parte interativa do sistema - o que realmente agrega valor à TV digital - era totalmente atrasada (tanto que foi necessário refazer o middleware - o Ginga - que é baseado nos padrões de interatividade do modelo europeu), além do fato de o custo do modelo japonês ser maior tanto para as operadoras quanto para os usuários/telespectadores.
Mas podemos considerar que a escolha pelo sistema japonês foi feito em época de campanha eleitoral para reeleição. Além disso, as grandes transmissoras - tais como Rede Globo, SBT, Band, etc - fizeram pressão pelo modelo japonês de alta-definição pois assim dificultaria a criação de novas emissoras, pela simples falta de espaço no espectro de transmissão (com o sistema de TV digital de definição padrão, onde passa 1 canal de tv analógico pode passar 4 canais digitais) e pelo alto custo dos aparelhos de produção em alta definição (câmeras, etc) e multiplexação, garantindo assim o "cartel" atual sobre o sistema.
Juntando a vontade dos maiores meios de comunicação de massa em manter seu poderio sobre o sistema, com a vontade do nosso presidente de se reeleger e necessitando assim do apoio desses veículos, temos um sistema de TV pouco democrático, caro (a mudança do sistema seria cara de qualquer forma, mas opções "menos piores" poderiam ser escolhidas) e que não utiliza todo o seu potencial de inclusão digital (caso sejam reais os rumores que expus aqui no dia 19 de maio).
E assim caminha o pomposo Brasil. Seria interessante saber se o Itamaraty está interessado em incentivar a adoção da tecnologia brasileira em outros países ou se apenas importa aos nossos lenientes políticos e diplomatas a subserviência à tecnologia estrangeira.
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Um comentário:
Obrigado sr. presidente! hahah
Realmente é muito preocupante tudo isso, vamos nos sentir um peixe fora da água...
Abraço lelé!
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