terça-feira, 27 de novembro de 2007

Interatividade em teste no "primeiro capítulo" da TV Digital

Me espantei ao ver esta notícia do site "O Globo On-line". Não um espanto de horror, mas um espanto de "vejam só, que eles estão se mexendo". Acontece que não está previsto a interatividade para o momento inicial das transmissões de TV Digital no Brasil. Provavelmente eles veicularão esse comercial interativo para ninguém, já que provavelmente nenhum receptor terá capacidade de processar a parte interativa do comercial (corrijam-me se eu estiver errado, mas com provas, por favor).

Este esforço feito pelo prof. Guido Lemos para aproveitar esse filão de divulgação (o lançamento do sistema digital) combina com a morosidade com que ele e sua equipe têm para liberar o código e as informações sobre o Ginga-J (a parte procedural - baseado em Java - do middleware que deverá ser adotado no sistema brasileiro no futuro). Prevejo interesses comerciais por trás de tudo isto, ou seja, prevejo que há pessoas restringindo informações comercialmente úteis sobre o middleware procedural para inviabilizar concorrência e entrar no mercado "por cima da carne seca".

O que me deixa chateado é que todo o financiamento das pesquisas realizadas para o desenvolvimento do Ginga-J foi feito pelo governo, isto é, pelo povo. Nada mais natural que o resultado de todo esse trabalho fosse público, disponibilizando os artefatos para consulta e utilização pública, como têm feito exemplarmente a equipe da PUC-Rio, que desenvolveu a parte declarativa do Ginga, o Ginga-NCL.

Cadê o Ginga-J?

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Contra governo, TV Digital começará com conversores custando acima de R$ 450

Me lembro das bravatas do senhor Hélio Costa, o ministro das comunicações, afirmando que o set-top-box (conversores) do sistema brasileiro de TV digital teria o valor de US$ 100,00 no momento do início das transmissões digitais no Brasil. Na época todos nós (envolvidos na pesquisa do sistema) ficamos preocupados, pois com um valor tão baixo não possibilitaria a adição das funcionalidades de interatividade à TV.

No fim, tudo se confirmou como uma grande balela do governo. E como já disse em outros posts, o interesse eleitoreiro dos "queridos" petistas se manifesta descaradamente. Imaginem se, em época de campanha, o senhor Lula teria coragem de dizer que a transição custaria caro para o povo (e convenhamos, US$ 100,00 - R$ 182,73 no câmbio de hoje - não é nem um pouco barato pra quem ganha um salário mínimo).

Sacrificaram então a interatividade, a única funcionalidade que agregaria algum valor e mudaria a forma como vemos TV hoje, em nome do baixo custo. Não foi suficiente. Com a eleição ganha, eles não têm mais vergonha de mostrar ao povo as "verdadeiras verdades". Ainda fazem cena em frente a imprensa brigando por um preço mais alto que o prometido anteriormente.

A verdade é que temos aí um sistema deficiente, pouco democrático, difícil de exportar e 2.5x mais caro que o esperado. A verdade está exposta na notícia que acabei de extrair do site InfoMoney:
Por: Tabata Pitol Peres
23/11/07 - 15h32
InfoMoney

SÃO PAULO - Faltando apenas 10 dias para o início das transmissões da TV Digital no Brasil, continua o impasse entre o governo e os fabricantes do conversor que será necessário acoplar nos televisores para o recebimento do novo sinal.

Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro das Comunicações, Hélio Costa, ameaçam importar o conversor, caso os produtores não reduzam o valor de venda para R$ 250, as empresas que fabricaram o aparelho continuam anunciando lançamentos com preços acima do desejado pelos políticos.

O aparelho mais barato anunciado até o momento é o da Positivo Informática, que colocará nas lojas, já na próxima semana, um set top box que custará R$ 499 e é indicado para as tradicionais TVs de tubo (CRT) e as TVs de Plasma e LCD, sem HDMI. Para os aparelhos com High-Definition Multimedia Interface, o aparelho custará R$ 699.

Outros conversores
A Gradiente anunciou que produzirá, em parceria com a STMicoeletronics, o conversor DHD-800 que, segundo a empresa, custará R$ 799. "Esse valor só será reduzido se o governo der algum tipo de incentivo ou reduzir as tributações que incidem no produto", informou a assessoria de imprensa da marca.

Outra fabricante que entrará no mercado com o conversor para a tecnologia brasileira de TV Digital é a Sony. A marca informou que, a partir de dezembro, venderá o receptor HDTV Bravia para ser acoplado à TV LCD Bravia por R$ 999.

A empresa afirmou ainda que, caso a transmissão digital sofra atualizações no decorrer do período, o consumidor deverá levar o receptor a uma autorizada e atualizar o software, sem custo adicional.

A SempToshiba informou que começará a vender no dia 26 de novembro dois modelos de conversor: um para simples conversão de sinal, que custará R$ 799, e outro mais sofisticado, para aparelhos de plasma, LCD, projetores e sistemas de cinema doméstico, com preço sugerido de R$ 1.090.

TVs
Ao invés de produzir o decodificador, a Samsung optou por investir na fabricação de televisores com o aparelho integrado e que, portanto, saem de fábrica prontos para que o cliente receba o novo sistema de TV digital, com alta qualidade de som e imagem, sem que seja preciso utilizar nenhum equipamento adicional.

A partir da última semana de novembro, estarão disponíveis os modelos de 40 e 52 polegadas. Os preços de venda sugeridos pela fabricante são R$ 7.999, para a menor, e R$ 14.999, para a maior.

Entenda: conversores
Também chamados de set top box ou caixas conversoras, esses aparelhos permitem a recepção do sinal digital em televisores analógicos convencionais, e são indispensáveis para quem quer se beneficiar da melhoria da qualidade de imagem trazida pela TV digital, sem trocar de televisor.

No primeiro momento da implantação da TV Digital, o principal impacto para o consumidor é a qualidade superior de imagem e de som.

Segundo o IBGE, 97% dos domicílios brasileiros têm TV, mas somente 12% com TV paga. A Positivo estima que esse público, basicamente classe B e C, será imediatamente beneficiado pelo sinal digital, já que o conversor receberá o sinal da TV aberta com a qualidade de TV paga.
A tendência é que estes valores diminuam na medida em que o sistema seja implantado no país e a demanda e oferta por aparelhos aumente. De qualquer forma não era nem um pouco difícil visualizar o floral que o governo estava colocando para decorar as feias decisões que fizeram implantar a TV Digital no Brasil. Me admiraria vê-los trabalhando com o foco no povo e não no poder.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Comunidade Ginga lança Set-top Box virtual com Ginga-NCL

Há tempos fazendo comentários meramente políticos, eis uma notícia que pode empolgar os aficcionados pelo parte técnica do desenvolvimento de aplicativos interativos pra TV digital. Recebi-a por e-mail, da equipe da PUC-RIO que desenvolve a NCL (Nested Context Language), a linguagem declarativa de aplicativos interativos do ISDTV (Sistema Nipo-Brasileiro de TV Digital). Faço questão de repassá-la.

Não vejo a hora de começar a "brincar" com o Ginga-NCL, afinal o Ginga-J está só no papo...

A Comunidade Ginga disponibilizou hoje [23/11/07] uma máquina virtual baseada no software VMWare que permite aos usuários, testadores e desenvolvedores obter um ambiente completo e pré-configurado de um set-top box de desenvolvimento Ginga-NCL.

A máquina virtual é publicada em forma de imagens de discos virtuais e arquivos de configuração previamente montados pela equipe do Laboratório TeleMídia da PUC-Rio. O sistema operacional instalado na máquina virtual é Linux, Fedora Core 7, reduzido aos pacotes essenciais para desenvolvimento do middleware e execução do gingaNclPlayer. O gingaNclPlayer embarcado é a versão 0.9.25, escrita em linguagem C++, e é aquele que provê o melhor suporte a uma variedade de tipos de mídias e a apresentações avançadas, aproveitando melhor todo o poder da linguagem NCL. Entre esses recursos avançados, estão a transparência, alpha-blending, transições e animações.

A máquina virtual pode ser vista como um set-top box de desenvolvimento Ginga-NCL. Para "ligar" o set-top box, o usuário precisa obter algum dos produtos de virtualização da VMWare. Recomendamos o VMWare player, que é gratuito e possui código aberto, disponível para sistemas Windows e Linux.

Após o boot, uma interface gráfica estática exibe informações importantes sobre como proceder nas tarefas de testes de aplicações NCL. Basicamente, o usuário deve abrir uma sessão SSH/SFTP com o set-top box para realizar tarefas rotineiras como upload de documentos NCL e disparo da apresentação de cada documento pelo gingaNclPlayer. Para interagir com as aplicações, o usuário deve deixar a janela SSH e dar foco à máquina virtual, preparada para mapear sobre o teclado algumas teclas do controle remoto de um set-top box real.

A maior motivação para o esforço dessa empreitada está na facilidade de implantação de uma máquina virtual, ao compararmos com o árduo processo de configuração de dispositivos, kernel e serviços do SO, além da instalação de dependências, e, por fim, a compilação e instalação dos pacotes que compõem o gingaNclPlayer versão C++. Com a virtualização, o usuário fica completamente isento de qualquer dessas tarefas. Seu único esforço é a instalação do software de virtualização.

Tudo isso tem um preço: desempenho. Com a sobrecarga imposta pela virtualização e o alto requisito de decodificação e renderização de mídias do gingaNclPlayer, o set-top box virtual vai "engasgar" a partir de uma certa qualidade de vídeo e áudio. No mundo real, essas tarefas seriam feitas por hardware especializado dentro dos set-top boxes... Mas no virtual tudo recai sobre a CPU. Assim, alguns requisitos de hardware do sistema hospedeiro (host) devem ser observados: Processador Pentium 4 3.0 GHz ou melhor, memória RAM mínima de 1Gb, boa placa de aceleração gráfica etc. Os requisitos podem ser reduzidos se o usuário se restringir a mídias de menor complexidade nos testes (vídeos de baixa resolução, poucas mídias renderizadas em paralelo, etc.)

A máquina virtual está disponível para download na Comunidade Ginga (subgrupo Ginga-NCL).

Saiba mais em:
http://www.vmware.com/appliances/directory/1101
http://www.softwarepublico.gov.br/dotlrn/clubs/ginga/gingancl/forums/message-view?message_id=2328423

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Capes financia formação de recursos humanos para a TV Digital

Um mês antes do lançamento oficial das primeiras transmissões públicas de sinal televisivo digital a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamentos de Pessoal de Nível Superior) publica um edital para financiamento de programas de formação de recursos humanos nas áreas relacionadas à TV digital. Isto quer dizer que as universidades e institutos de educação espalhados Brasil afora têm mais uma fonte de recursos financeiros para implementar seus cursos de pós gradução na área.

Segundo o Portal do Software Público Brasileiro, "os projetos poderão ser apresentados por programas de pós-graduação stricto sensu (cursos de mestrado e doutorado) com áreas ou linhas de concentração em engenharia de software, ciências da computação, engenharia elétrica, gestão, produção, veiculação, interatividade e educação a distancia na TV Digital. Além disso, poderão participar grupos de pesquisa de cursos das áreas de microeletrônica e telecomunicações. O edital também permite que instituições que não tenham pós-graduação stricto sensu concorram, mas será necessário que elas façam parcerias com instituições de ensino superior que possuam tais cursos." ... "Cada projeto selecionado receberá por ano R$ 420 mil e terá duração máxima de quatro anos para execução orçamentária."

Mais informações e o edital completo podem ser encontrados nesta página, no site da Capes. O término das inscrições é dia 21 de dezembro deste ano.

Espero que facilite o acesso à especializações que, por experiência própria, não estão tão acessíveis quanto eu esperava que estivessem.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Divulgação da TV Digital e cronograma de implantação

Há alguns dias começaram as campanhas de divulgação do novo sistema de TV no brasil. Algumas propagandas com um mínimo de informação estão sendo veiculadas na TV e na rádio.

Não posso de maneira alguma desmerecer o conteúdo dessas propagandas. A linguagem dela é perfeita para o perfil do público brasileiro em geral. E nos moldes em que foi definido o sistema nipo-brasileiro de TV digital (também conhecido como ISDTV), os programetes estão demonstrando a pura realidade do que está por vir.

No final da propaganda é informado um site: www.dtv.org.br, que fui logo acessar. Não diz nada demais também. Apenas o básico (mas pra quem é um zero a esquerda sobre TV digital, vale a pena dar uma lida). Ainda por cima, não entendi o motivo pelo qual usaram a sigla em inglês para divulgar o site, DTV (Digital Television), ao invés da correspondente em português, TVD (Televisão Digital), que ao meu ver seria mais intuitivo para um povo onde, segundo o IPM, quase 40% das pessoas são analfabetas ou tem uma capacidade mínima de interpretar textos e anúncios.

Nacionalismos à parte, fuçando pelo site que citei acima, encontrei um outro site um pouquinho mais interessante, o site do Fórum SBTVD (www.forumsbtvd.org.br). Este fórum é o resultado de todo o empenho realizado por várias instituições no estudo de um sistema que coubesse como uma luva para as necessidades do país, empenho no qual eu participei como bolsista da Universidade Federal de Santa Catarina desenvolvendo aplicativos interativos para TV Digital. É um fórum bastante interessante e importantíssimo para a manutenção do sistema. Mas, pra não perder o costume de reclamar, os meios usados para a seleção dos membos desse fórum são limitadíssimos, uma pena.

Neste site eu também encontrei uma imagembem legal pra visualizar o cronograma de implantação do novo sistema de TV, imagem esta que eu divido com vocês por aqui:

Clique para ver a imagem em tamanho real.

Concordo com os critérios de priorização das áreas a serem implantadas ao sistemas, mas entristeço ao me deparar com o fato da minha Florianópolis, apesar de capital, ser uma cidade pequena, ficando pra trás nas prioridades da implantação do sistema, só entre 2009 e 2011...